Vacinas para tratamento da alergia: quando realizar?

Neste post vamos esclarecer as principais dúvidas sobre os testes alérgicos e o as vacinas para o tratamento de cães com dermatite atópica (alergia ambiental).

1. Para que serve a vacina para alergia?

A vacina, também chamada de imunoterapia alergeno-específica, é indicada somente para cães com “alergia ambiental”, também chamada de dermatite atópica, e eventualmente para cães com alergia à picada de pulgas e carrapatos.

2. Qual base no que as vacinas são elaboradas?

As vacinas são elaboradas a partir dos resultados dos testes alérgicos sorológicos ou cutâneos, apesar das peculiaridades de cada um destes testes, o resultado do tratamento com as vacinas em geral, não diferem com o método do teste utilizado. 

3. Como funciona a vacina para tratamento de alergia em cães?

A vacina para tratamento da alergia, também chamada de imunoterapia,  consiste na administração em doses crescentes,  de substâncias indutoras de alergia (alérgenos),  as quais o animal se mostrou previamente sensível nos testes alérgicos cutâneos ou sorológico, através de injeções subcutâneas (embaixo da pele)  ou por via oral (sublingual), com o objetivo de dessensibilizar o animal a estas substâncias, fazendo com que o tempo o organismo do animal aprenda a não reagir mais contra elas.

4. Qual a vantagem do tratamento com a vacina?

A vantagem do tratamento com a vacina para a alergia é que ele é o único tratamento, que em longo prazo, pode promover a “cura” da dermatite atópica, pela dessensibilização do sistema imune aos agentes que causam alergia, fazendo com que seja possível  diminuir ou até mesmo eliminar a necessidade de tratamentos de uso contínuo para o controle da dermatite atópica.

 5. As vacinas podem ser feitas em qualquer paciente?

Sim, as vacinas são indicadas para todos os animais, em qualquer faixa etária. Animais mais jovens ou com tempo de evolução da doença menor, tem maiores chances de responder a vacina. É considerada um protocolo seguro, com baixa frequência de efeitos colaterais

 6. Com qual frequência as vacinas são administradas?

O tratamento com a vacina sublingual (via oral) é realizado diariamente, duas vezes ao dia, por um período mínimo de 12 meses. Já as vacinas injetáveis, nos primeiros três meses são aplicadas mais frequentemente, com intervalo de dias a semanas, dependendo de qual vacina está sendo utilizada, passando depois para quinzenal e finalmente mensal. O protocolo de aplicação das vacinas injetável é variável de acordo com a vacina utilizada.

 7. O tratamento com as vacinas pode ser feito em casa?

Sim, as aplicações das vacinas podem ser feitas em casa. As vacinas são mantidas sob refrigeração. Recomenda-se que as aplicações sejam realizadas quando os animais possam ficar sob observação de seus donos  por pelo menos uma hora após a aplicação, a fim de se observar a ocorrência de efeitos colaterais (os quais são raros). As vacinas devem ser aplicadas antes da alimentação e antes de atividades físicas moderadas e intensas.

 8. O tratamento com as vacinas apresenta alguns efeitos colaterais?

O tratamento com as vacinas para alergia é bem seguro. Alguns animais podem apresentar reação no local da aplicação da injeção, com formação de um pequeno nódulo subcutâneo por ora doloroso, o que é raro e que desaparece em pouco tempo. As seringas e agulhas utilizadas são as mesmas das utilizadas para aplicação de insulina, com calibre menor, gerando menor desconforto durante sua aplicação. Reações anafiláticas são raras (probabilidade menor que 1%). Caso o animal apresente vômito, diarreia, respiração ofegante, inchaço na face, prostração, salivação, ele deverá ser levado ao médico veterinário imediatamente.

 9. Qual outro tipo de reação posso observar durante o tratamento com as vacinas?

No começo do tratamento, ou na mudança de cada frasco  ou cada dose da vacina, pode-se notar um leve aumento da coceira, isto não significa falha do tratamento, significa que o organismo está reagindo à vacina. Neste caso, o médico veterinário deverá ser consultado, a fim de que ajustes na dose e frequência de aplicação das vacinas seja realizado.

 10. Quanto tempo após o início do tratamento com imunoterapia posso observar melhora do quadro alérgico do animal?

O período para a  melhora do quadro alérgico é variável de animal para animal. Normalmente é observada a partir de  9 meses após o início do tratamento. Porém, alguns animais apresentam melhora antes deste período, outros, entretanto, podem somente apresentar resposta dentro de um ano de tratamento. 

 11. Qual a eficácia do tratamento com as vacinas para alergia?

Com a imunoterapia é esperado melhora parcial ou total dos sintomas de alergia em até 50-60% dos animais tratados, diminuindo a necessidade de medicamentos, podendo até mesmo fazer com que estes não sejam mais necessários em longo prazo.  O início da melhora dos sintomas com o uso da vacina geralmente é observado entre 9-12 meses de tratamento. A atopia por ser uma doença de caráter genético, não tem cura, mas pode ser controlada com as ferramentas certas como o uso de medicamentos, vacinas e associação destas duas terapias.

 12. O animal pode tomar algum tipo de medicação junto com o tratamento com as vacinas?

Sim, o animal pode usar anti-histamínicos, ciclosporina, oclactinib, anti-histamínicos, anticorpo monoclonal lokivetmab, suplementos a base de ômegas, além de terapia tópica, como o uso de produtos hipoalergênicos e hidratantes. Somente o uso de corticoides via oral deve ser evitado, pelo seu potencial de interferir com a imunoterapia. Em geral, doses baixas de corticoides podem ser empregadas no início do tratamento com as vacinas dependendo da intensidade de alergia do animal, pelo fato de a vacina ter um tempo mais longo de ação, o que é analisado caso a caso pelo veterinário. Visto que a terapia com vacinas é um tratamento em longo prazo, o uso de medicamentos no início da imunoterapia é comum e até recomendado, visando o bem estar e conforto do animal.

 13. Qual a duração do tratamento com as vacinas?

Quando o animal apresenta resposta com o uso das vacinas, o tratamento deve ser realizado por no mínimo 2 a 3 anos, após este período pode-se tentar a interrupção do tratamento, porém a maior parte dos animais necessita de terapia por um período mais prolongado ou até mesmo contínuo.

 14. A imunoterapia pode ter não funcionar?

Sim, existe uma parcela de cães (40-50%) que pode não responder satisfatoriamente ao tratamento com vacinas, porém antes que isso possa ser atestado, é necessário observar se o animal não está apresentando outra doença de pele que está contribuindo para o aumento da coceira, como a infestação por parasitas (pulgas, carrapato, piolhos, sarnas), infecções fúngicas, bacterianas e seborreia. Por isso é importante o acompanhamento do tratamento pelo médico veterinário.