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Síndrome Úveo Dermatológica

08/05/2021Blog, Dermatologia Veterinária

Síndrome úveo dermatológica é uma doença rara, que tem como causas fatores hereditários e imunomediados (devido ao funcionamento anormal do sistema imunológico) não totalmente esclarecidos.

Os animais com esta síndrome produzem autoanticorpos contra os melanócitos, células presentes nos olhos e na pele, responsáveis pela produção de melanina, pigmento responsável pela coloração da pele e pêlos, presente também nos olhos, levando ao quadro de panuveíte granulomatosa (inflamação generalizada dos olhos), despgimentação da pele e dos pelos.

Ocorre com maior frequência em cães adultos jovens e de meia idade, especialmente em Akitas. As raças mais acometidas são: Akitas, Husky Siberiano, Samoieda, Chow Chow, Setter Irlândes, Teckel, Pastor de Shetland, São Bernardo, Old Englis Sheepdog e Fila brasileiro.

Os sinais clínicos oculares, podem ser de rápido surgimento com diminuição ou ausência dos reflexos pupilares à luz, blefaroespasmo (não para de piscar), fotofobia (aversão a luz), uveíte anterior, precipitados ceráticos, hifema (sangramento entre a córnea e íris), coriorretinite, conjuntivite, descolamento de retina, catarata, glaucoma, cegueira.

Os sinais oculares podem desenvolver antes, junto com os sinais da pele, ou após o surgimento destes. Os sinais dermatológicos incluem: despigmentação do focinho, lábios e pálpebras. Ocasionalmente, a bolsa escrotal, vulva, ânus, coxins, palato duro também podem sofrer despigmentação. Além da despigmentação, a pele pode tornar-se ulcerada, erodida, crostosas, e mais raramente, pode haver despigmentação generalizada não só da pele como também do pelame.

A síndrome úveo dermatológica deve ser diferenciada de outras doenças imunomediadas como lúpus eritematoso discoide e pênfigo, neoplasias como linfoma epiteliotrópico e doenças discrômicas como o vitiligo e doenças infecciosas como a leishmaniose.

O diagnóstico definitivo é estabelecido por meio do exame de biópsia (retirada de fragmentos cutâneos) seguido da análise histopatológica, que demonstra, incontinência pigmentar, dermatite de interface liquenoide com células inflamatórias como histiócitos, plasmócitos e linfócitos.

A síndrome úveo dermatológico não tem cura, e o tratamento deve perdurar por toda a vida do animal. Para o controle da doença, utiliza-se drogas que tem a capacidade de modular (regular) o sistema imunológico, diminuindo/aniquilando a resposta inflamatória contra a pele e os olhos, como: corticoides, azatioprina, ciclosporina, tetraciclina e niacinamida, ciclofosfamida. Todos os medicamentos empregadados no tratamento do animal estão sujeitos a efeitos colaterais importantes e por isso requerem acompanhamento pelo médico veterinário constante. Além das medicações sistêmicas de uso oral, também são utilizados colírios como auxiliares no tratamento.

Antes do tratamento

 

Síndrome úveo dermatológica
Síndrome úveo dermatológica apos tratamento

Quanto mais cedo for estabelecido o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhores são as chances de sucesso e menor a possibilidade sequelas nos olhos.  O tratamento perdura o resto da vida, e embora em grande parte dos animais é possível estabelecer um bom controle, em outros animais, pode haver quadros de piora da doença mesmo com a manutenção do tratamento.

A chave do tratamento, é estabelecer dose dos medicamentos que mantenham a doença sob controle sem, entretanto, prejudicar a saúde do animal pelos efeitos colaterais inerentes a todas as drogas. Por ser uma doença crônica requer acompanhamento constante, porém é possível dar aos animais qualidade de vida e expectativa de vida.

 

Fonte:

Dermatologia de Pequenos Animais – Keith A. Hnilica , 2011; Dra Camila Domingues de Oliveira

Texto de:

M.V. Dra Camila Domingues

Responsável pelo atendimento em Dermatologia Veterinária
na UniCare Vet Especialidades Veterinárias