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Sarna Demodécica

10/02/2021Blog, Dermatologia Veterinária, Uncategorized

sarna demodécica, também conhecida como demodicidose ou sarna negra, é uma doença parasitária causada pela proliferação excessiva de ácaros do gênero  Demodex sp na pele. Este ácaro é  considerado como parte da microbiota cutânea, ou seja, todos os cães os possuem em pequena quantidade no interior dos seus folículos pilosos, adquiridos pelo  contato com a mãe durante os primeiros dias de vida. Além do ácaro Demodex canis, que é o mais comum,  outros ácaros deste mesmo grupo como Demodex injai e Demodex de corpo curto, podem também levar ao quadro da doença. Apesar de todos os cães abrigarem este ácaro em pequenas quantidades em seus folículos pilosos, somente em alguns cães, estes ácaros se proliferam exageradamente a ponto de causar a doença sarna demodécica.

Os mecanismos responsáveis pela multiplicação excessiva do ácaro além do normal com consequente manifestação da doença, ainda não é totalmente compreendido, mas acredita-se que fatores genéticos, principalmente na demodicidose juvenil (quando manifestada em animais jovens, até 1 ano de idade) e  fatores imunológicos (queda de resistência, imunossupressão), endoparasitismo, má nutrição, doenças sistêmicas graves, uso de medicamentos que suprimem a ação do sistema imunológico, contribuam para o desenvolvimento da doença.

 A sarna demodécica, pode ser classificada, quanto a sua manifestação, como localizada: quando acomete de 4 a 6 áreas de lesões como falha de pelo, eritema (vermelhidão), descamação. Esta forma da doença é considerada como sendo benigna, pois raramente generaliza-se para outras partes do corpo e muitos cães podem apresentar cura espontânea (sem uso de medicamentos).  Já a forma generalizada atinge proporções maiores da superfície corpórea podendo se estender por todo o corpo.

 Quanto a idade de manifestação da doença, a sarna demodécica pode ser classificada como juvenil ou do adulto, juvenil quando os primeiros sintomas aparecem  até 1 ano de idade para cães de pequeno e médio porte e 1,5 ano para cães de grande porte, e como sarna demodécica do adulto, quando acomete animais na fase adulta. Em cães, que manifestam o quadro de demodicidose pela primeira vez na fase adulta, é necessário, investigar a possibilidade de outras doenças de caráter imunossupressivas como neoplasia, doenças endócrinas, doenças infecciosas, visto que pode ocorrer em virtude de diminuição da imunidade.

As lesões que a sarna demodécica causa varia desde uma simples falha de pelo, com vermelhidão e descamação, desde lesões como pápulas, pústulas, crostas, secreção piosanguinolenta quando da infecção secundária por bactérias da pele. Com o progredir da doença a pele do animal pode ficar hiperpigmentada (daí o nome sarna negra), espessa e com alteração da oleosidade. Alguns animais podem apresentar febre, prostração, diminuição do apetite e com aumento dos linfonodos (“ínguas”).

A sarna demodécica deve ser diferenciada de doenças que podem apresentar sintomas clínicos semelhantes como: piodermitesdermatofitosepênfigo foliáceo, leishmaniose, adenite sebácea, seborreia  entre outras.

O diagnóstico da doença é feito através do exame parasitológico de raspado cutâneo ( raspado de pele) e suas variações, no qual se pode evidenciar a presença de grande quantidade de ácaros.

 O tratamento da sarna demodécica é longo, geralmente de 3 meses podendo se estender até  8 meses, e o ideal é  que o tratamento só seja interrompido após a obtenção de dois raspados de pele negativos para o ácaro, com intervalos mensais, a fim de que se evite recidivas da doença após a suspensão do tratamento. Uma das grandes falhas de tratamento ou recidivas, é a interrupção precoce do tratamento, baseada somente na melhora clínica das lesões e não na negativação dos raspados de pele.

  Atualmente, existem muitos medicamentos para o tratamento da sarna demodécica, e quando realizado da maneira correta, os animais respondem muito bem ao tratamento, embora, haja uma pequena parcela de cães que podem apresentar recidivas constantes, indepedentemente do tratamento empregado.

 Alguns medicamentos utilizados para o tratamento da demodicidose são capazes de induzir efeitos colaterais como: vômito, diarreia, tremor, sonolência, incoordenação motora, até convulsões, por isso, é extremamente importante o acompanhamento do médico  veterinário por todo o tratamento até a obtenção da alta clínica. Atualmente existem no mercado opções mais seguras de tratamento, que dificilmente ocasionam efeitos colaterais importantes, embora possa ocorrer falhas terapêuticas com todos eles em pequena proporção. Em geral, o prognóstico da sarna demodécica é bom, com grande parte dos animais se recuperando totalmente e não apresentando recidivas do quadro.

 

Texto de:

M.V. Dra Camila Domingues

Responsável pelo atendimento em Dermatologia Veterinária
na UniCare Vet Especialidades Veterinárias