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Dermatite psicogênica em cães (dermatite acral por lambedura)

09/07/2020Blog, Dermatologia Veterinária

A dermatite acral por lambedura trata-se de uma lesão de pele auto induzida, causada pela lambedura excessiva do animal, principalmente nas extremidades dos membros torácicos como também nos membros posteriores. A origem da lambedura excessiva pode ser decorrente de uma causa física que gere dor, desconforto ou coceira como: artrite, fraturas, neuropatias , alergopatias e dermatites  infecciosas de distintas etiologias, porém na maioria das vezes, é associada a distúrbios emocionais, sendo por isso também conhecida como dermatite psicogênica.

 A lambedura excessiva das patas desencadeia queda de pelo, formação de um nódulo ou lesão em placa inflamada com eritema, às vezes secreção purulenta, erosões e úlceras, que podem inclusive alcançar tecidos musculares e ósseos dependendo da intensidade e frequência da lambedura. O hábito constante de lamber impede a cicatrização e culmina na permanência da lesão. Normalmente, a lambedura das patas associada a distúrbios emocional ocorre na altura dos metacarpos e metarsos (vide figura)  e não  entre os dedinhos das patas como ocorre com os cães alérgicos.

 Na maior parte das vezes não há causa física/fisiológica  que justifique a lambedura excessiva das patas, sendo, portanto, a origem deste comportamento de ordem psicogênica, ou seja, associado a distúrbio emocional como um comportamento de deslocamento e escape consequente a vários fatores como:  solidão, ansiedade, tédio, stress, frustração, situações de conflito, alterações na rotina, no ambiente, no convívio de pessoas e animais, ambiente com poucos estímulos e sedentarismo.

 Acredita-se que a dermatite acral por lambedura seja um distúrbio obsessivo-compulsivo similar ao TOC em humanos, onde o comportamento de lamber as patas gera uma sensação de bem estar, que faz com que o animal repita e insista neste comportamento como forma de aliviar um sentimento negativo. Desta forma, para sucesso do tratamento é importante não  focar somente na cicatrização da ferida, mas principalmente identificar e sanar os fatores que podem estar culminando em algum distúrbio emocional. Em alguns casos, pode-se fazer necessário o uso de fármacos de ação ansiolíticas para controle do quadro. Em se tratando de um distúrbio psicogênico, o tratamento pode ser longo, alguns animais necessitam de medicamentos de uso contínuo para controle do quadro. Além dos medicamentos é vital a identificação e mudança de todos os fatores que podem estar contribuindo de alguma forma para este distúrbio emocional para que possa ter sucesso no tratamento e resolução do quadro.

Texto de:

M.V. Dra Camila Domingues

Responsável pelo atendimento em Dermatologia Veterinária
na UniCare Vet Especialidades Veterinárias