A dermatite acral por lambedura trata-se de uma lesão de pele auto induzida, causada pela lambedura excessiva do animal, principalmente nas extremidades dos membros torácicos como também nos membros posteriores. A origem da lambedura excessiva pode ser decorrente de uma causa física que gere dor, desconforto ou coceira como: artrite, fraturas, neuropatias , alergopatias e dermatites infecciosas de distintas etiologias, porém na maioria das vezes, é associada a distúrbios emocionais, sendo por isso também conhecida como dermatite psicogênica.
A lambedura excessiva das patas desencadeia queda de pelo, formação de um nódulo ou lesão em placa inflamada com eritema, às vezes secreção purulenta, erosões e úlceras, que podem inclusive alcançar tecidos musculares e ósseos dependendo da intensidade e frequência da lambedura. O hábito constante de lamber impede a cicatrização e culmina na permanência da lesão. Normalmente, a lambedura das patas associada a distúrbios emocional ocorre na altura dos metacarpos e metarsos (vide figura) e não entre os dedinhos das patas como ocorre com os cães alérgicos.
Na maior parte das vezes não há causa física/fisiológica que justifique a lambedura excessiva das patas, sendo, portanto, a origem deste comportamento de ordem psicogênica, ou seja, associado a distúrbio emocional como um comportamento de deslocamento e escape consequente a vários fatores como: solidão, ansiedade, tédio, stress, frustração, situações de conflito, alterações na rotina, no ambiente, no convívio de pessoas e animais, ambiente com poucos estímulos e sedentarismo.
Acredita-se que a dermatite acral por lambedura seja um distúrbio obsessivo-compulsivo similar ao TOC em humanos, onde o comportamento de lamber as patas gera uma sensação de bem estar, que faz com que o animal repita e insista neste comportamento como forma de aliviar um sentimento negativo. Desta forma, para sucesso do tratamento é importante não focar somente na cicatrização da ferida, mas principalmente identificar e sanar os fatores que podem estar culminando em algum distúrbio emocional. Em alguns casos, pode-se fazer necessário o uso de fármacos de ação ansiolíticas para controle do quadro. Em se tratando de um distúrbio psicogênico, o tratamento pode ser longo, alguns animais necessitam de medicamentos de uso contínuo para controle do quadro. Além dos medicamentos é vital a identificação e mudança de todos os fatores que podem estar contribuindo de alguma forma para este distúrbio emocional para que possa ter sucesso no tratamento e resolução do quadro.
Responsável pelo serviço de dermatologia veterinária na UniCare Vet Campinas:
Dermatologista Veterinária CRMV-SP 19316